Lesão do nervo periférico

Os nervos são verdadeiros “cabos eléctricos” que fazem a ligação entre o cérebro, a coluna e todo corpo. Os nervos periféricos são os nervos que têm origem na coluna vertebral e se dirigem para os membros.

São estruturas muito frágeis e delicadas, constituídos por vários feixes nervosos (“minicabos”) os quais se dividem em milhares de mini-filamentos chamados axónios. A envolver o nervo existe uma membrana de “isolamento” chamada de epineuro. Qualquer lesão nervosa origina uma incapacidade de gravidade dependente do local e do tipo de lesão.

A emissão dos estímulos neurológicos do cérebro ou dos órgãos periféricos é transmitida pelos nervos para a activação da mão / membro superior de duas formas: estimulando os músculos fazendo-os contrair e originando o movimento das articulações ou transmitindo todas as sensações corporais como é a sensibilidade cutânea, a dor, a temperatura ou a localização postural.

As lesões dos nervos periféricos podem ser causadas por: ferida/corte, compressão (súbita ou crónica) ou por doenças endócrinas (p.ex. diabetes), neurológicas ou mesmo víricas (p.ex. Síndrome de Guillain-Barré). São exemplos de compressões crónicas na mão e membro superior: o Síndrome do túnel cárpico (Nervo mediano), o Síndrome do canal ulnar (nervo ulnar) ou o Síndrome de Fröhse (Nervo Radial). As feridas mais profundas ou superficiais, podem facilmente atingir os nervos sensitivos (que transmitem sensibilidade) e/ou os nervos motores (que produzem movimento) da mão / membro superior.

Após uma ferida com secção de um nervo, este tem capacidade de regeneração. Contudo, o afastamento dos topos nervosos impossibilita a transmissão, formando-se uma cicatriz envolvendo o nervo em forma de nódulo chamado de neuroma, responsável por uma dor forte tipo “choque eléctrico” quando existe qualquer contacto na sua proximidade. Assim, nas situações em que a lesão de um nervo periférico não foi identificada e consecutivamente não tratada, dão origem a uma dor neurológica no local da ferida, incapacitante e permanente, resultando na perda total de movimento e/ou sensibilidade.

A reparação do nervo periférico é sempre um desafio para o Cirurgião da Mão. Para além de serem necessários meios de amplificação (microscópio ou lupas cirúrgicas), são utilizados instrumentos microcirúrgicos para reconstruir o nervo com fios de sutura mais pequenos que um cabelo.

Quando as lesões nervosas são identificadas mais tarde (após 4-6 semanas), frequentemente é necessário utilizar um enxerto nervoso (“cabos”
de outro local do corpo de menor importância), para fazer a união (“ponte”) entre as extremidades do nervo lesado. A recuperação nervosa após microcirurgia reconstructiva é muito lenta, estimando-se em 1 milímetro por dia. Nas lesões nervosas antigas (superiores a 9-12 meses) o nervo já não tem potencial de recuperação, optando-se pelo tratamento cirúrgico das sequelas (p.ex. transferências nervosas microcirúrgicas).

Nos casos de compressão nervosa de longa data, apenas a descompressão cirúrgica permite a libertação do nervo, eliminando o “aperto” de modo a recuperar a transmissão neuronal. A recuperação nervosa é controlada pela avaliação clínica e eventualmente com exames electrofisiológicos (Electromiografia e Velocidade de condução) ou Ressonância Magnética. O apoio da reabilitação na recuperação é importante na maior estimulação neuronal.

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