Fractura do escafóide

O escafóide é um dos 10 ossos que constituem os ossos do punho. É um osso complexo em forma de “amendoim”, que se articula com outros quatro ossos do punho. Esta característica é muito importante no harmonioso funcionamento do punho e mão.

A fratura do escafóide surge frequentemente em quedas amparadas com a palma da mão no chão. É mais frequente em adultos jovens, contrastando com as quedas após os 50 anos, onde são frequentes as fracturas do rádio, vulgarmente chamadas de “fracturas do pulso”. O escafóide apresenta outras duas particularidades: uma frágil irrigação sanguínea e a existência de poucos ligamentos na sua estabilização. Quando acontece uma fractura, estas características determinam um maior risco de interrupção na entrada de sangue no escafóide e sua eventual “desvitalização”.

Na presença de uma fractura do escafóide, o paciente manifesta dor e inchaço do punho na zona próxima ao polegar, para além da limitação evidente da mobilidade. Mais tarde aparece uma zona “negra”, que corresponde à hemorragia interna. A dor por vezes não é valorizada pelo paciente.

No entanto esta dor não alivia em poucos dias, o que justifica a avaliação por um médico especialista. Inicialmente realiza-se uma radiografia da mão/punho, não só para confirmar a fractura do escafoide, como também para identificar outras lesões possíveis. Por vezes a radiografia
pode não ser conclusiva (até 25% dos casos), havendo necessidade de realizar uma TC (Tomografia Computadorizada) que tem máxima fiabilidade na sua identificação.

As características da fractura do escafóide determinarão o tratamento. Assim as fracturas “estáveis” (sem desvio) e de bom prognóstico, podem ser tratadas com uma imobilização gessada, obrigando a uma paragem de 5 semanas na actividade manual e geralmente sem necessidade de reabilitação. As fracturas “instáveis“ (com desvio) ou com características de prognóstico desfavorável, necessitam de tratamento cirúrgico. A cirurgia consiste em repor e estabilizar o correto posicionamento ósseo através de um mini-parafuso especial, permitindo que a fractura “cole”. A cirurgia realiza-se geralmente “sem cortes na pele” e controlada com imagem radiográfica. Os casos mais complexos poderão necessitar de uma pequena incisão.

Actualmente com a implementação da vídeocirurgia na cirurgia da mão, a artroscopia do punho permite não só uma rigorosa avaliação e controlo cirúrgico das fracturas do escafóide, como também a identificação e tratamento de outras lesões associadas (que antigamente não eram tratadas), como são as lesões ligamentares e da cartilagem. Estas novas técnicas são possíveis graças às vantagens da artroscopia, onde o cirurgião vê com muito pormenor o interior de toda a articulação, pois a imagem é amplificada e de alta definição.

Após a cirurgia, reinicia-se de imediato o movimento. É permitido ao paciente voltar à actividade habitual, evitando apenas esforços durante 1 mês.

As fracturas do escafóide não tratadas, têm uma evolução natural para a artrose global do punho, que se manifesta por dor crónica e perda a mobilidade. Nestas situações, como já não é possível reparar o escafóide, opta-se por tratamentos cirúrgicos mini-invasivos, melhorando a dor e a função.

Os comentários estão desativados.

EnglishFrenchGermanPortuguese