Fracturas dos dedos da mão – pequenas, mas complexas

Os dedos da mão são constituídos por várias estruturas anatómicas complexas,
que possibilitam a realização de movimentos de grande precisão. Para tal, cada dedo inclui:
– Ossos e articulações: os ossos são designados de falanges (duas no polegar e três nos restantes dedos) e metacarpianos (osso que articula o dedo ao punho)
– Tendões: transmitem a força dos músculos para os dedos, originando o movimento de “esticar” os dedos (tendões extensores) ou “dobrar” os dedos (tendões flexores)
– Ligamentos: permitem a estabilidade das articulações durante o movimento;
– Nervos e vasos: responsáveis pela vitalidade e pela sensibilidade;
Unhas, pele e pilosidade: são os órgãos protectores dos dedos, dotados com uma enorme capacidade para sentir os estímulos tácteis (sensibilidade
fina).

As fracturas dos dedos são frequentes, uma vez que estes são estruturas com utilização permanente na actividade humana e, como tal, mais susceptíveis a traumatismos. A complexidade estrutural e funcional dos dedos, determina um rigoroso tratamento das suas fracturas e lesões, de modo a restaurar a normal e harmoniosa mobilidade digital.

As fracturas dos dedos podem, resumidamente, ser divididas em dois grupos: fracturas sem desvio e com desvio. As fracturas sem desvio são tratadas com uma imobilização em posição de maior relaxamento ligamentar, durante 3 semanas. Esta abordagem permite obter a estabilidade necessária para reiniciar o movimento, desde que vigiado pelo médico especialista. A reabilitação é rápida, respeitando um protocolo específico, de acordo com o tipo de fractura e permitindo minimizar eventuais sequelas articulares ou ligamentares. Nas fracturas com desvio ou que atingem a parte articular do osso é, muitas vezes necessário realizar uma cirurgia reconstrutiva. Apenas a reconstrução óssea e ligamentar permitirá obter as condições para minimizar ou anular as sequelas. De referir que um encurtamento de 1 milímetro pode resultar numa perda de 12 graus no ângulo de extensão; e uma angulação superior a 5 graus resulta num importante desvio do dedo – “dedo em tesoura”. Estas situações originam limitações importantes na função da mão e dedos. Igualmente importante no tratamento das fracturas dos dedos, são os tecidos envolventes: nos casos onde existem feridas graves com atingimento da pele, tendões e ligamentos, é necessário fazer a sua reconstrução.

Uma característica a considerar no tratamento cirúrgico das fracturas dos dedos, é o carácter minimamente agressivo da técnica cirúrgica (lesão mínima das estruturas anatómicas), minimizando as “cicatrizes” e retracções cutâneas. A estabilização das fracturas é realizada com recurso a materiais de boa qualidade de fixação: mini-parafusos e/ou mini-placas metálicas, importantes para a mobilização imediata dos dedos (factor importante no resultado funcional).

Actualmente com o desenvolvimento de Técnicas percutâneas na Cirurgia da mão, consegue- se realizar a cirurgia através de um orifício de 1 milímetro na pele (“sem cicatriz”), permitindo estabilizar muitas fracturas dos dedos.

As fracturas dos dedos em pacientes mais idosos e com maior fragilidade óssea, devem ser tratadas com idêntico rigor. É importante obter um bom resultado funcional em pacientes que por vezes têm outras incapacidades, como é a artrose dos dedos ou do punho.

As fracturas tratadas com imobilização que não obtiveram um bom resultado (limitações da mobilidade, rigidez ou desvios do dedo), podem ser tratadas com uma cirurgia de “resgate” para melhorar estas limitações.

Os comentários estão desativados.

EnglishFrenchGermanPortuguese