Traumatismos da Unha: a importância da sua avaliação

A unha é uma estrutura complexa da mão humana, que sofreu uma evolução e diferenciação específicas ao longo do tempo. A sua forma varia nos animais de acordo com a espécie: cascos nos equinos, garras nos carnívoros ou unhas no homem. A unha localiza-se na porção terminal dos dedos e é fundamental na protecção do tacto e ajuda na precisão dos movimentos.

A unha é constituída por várias partes com diferenciações específicas, de salientar:
– Unha – camada dura de queratina
– Leito ungueal – pele adaptada que fixa a unha ao dedo, permitindo o seu crescimento
– Matriz ungueal – zona onde nasce a unha, protegida pela pele
– Pele – estruturas cutâneas periféricas à unha

As lesões traumáticas da unha são dos traumatismos mais frequentes na mão, pois a “ponta dos dedos” é o local de maior risco de
traumatismos, como são exemplos: fracturas dos dedos, contusões (“entalões”), lesões tendinosas ou lesões cutâneas (perda cutânea ou “desluvamento”).

Os traumatismos da unha podem globalmente manifestar-se com as seguintes apresentações:
– Hematoma subungueal – é a lesão mais frequente, representando a acumulação de sangue debaixo da unha. Apresenta uma coloração azul escura e provoca dor significativa. O hematoma subungueal de grande dimensão, traduz uma lesão importante do leito ungueal e frequentemente necessita de drenagem e avaliação de outras lesões associadas. Deste modo, evita-se uma eventual infecção ou uma alteração do crescimento ungueal.
– Rotura da unha – esta lesão está muitas vezes associada a um traumatismo de grande energia do dedo, como são as amputações parciais ou esmagamentos. Quando existe uma fractura óssea associada (fractura da falange distal), é aconselhável realizar uma radiografia, para avaliar a necessidade de fazer uma correcção e estabilização cirúrgica. A reconstrução do normal alinhamento ósseo evita uma possível deformidade do dedo e da unha.
– Avulsão ou arrancamento da unha – nestas situações a unha é separada completamente do dedo. São lesões muito frequentes e surgem tanto em traumatismos simples, como em traumatismos mais graves (esmagamentos).

O tratamento dos traumatismos da unha não deve ser desconsiderado, atendendo às complicações e sequelas importantes que podem
advir. Por este motivo, é importante a avaliação por um cirurgião especialista, pois existem princípios de tratamento que devem ser seguidos:
– As lesões do leito ungueal, isto é, as lesões da pele que está imediatamente debaixo da unha, devem ser cuidadosamente reparadas, de modo a evitar uma cicatriz disforme e a consequente deformidade. Na sua reparação, é necessário fazer um destacamento da unha para corrigir microcirurgicamente a lesão do leito ungueal. No final recoloca-se a unha e faz-se a sua fixação.
– Nos casos de avulsão/perda da unha, é necessário proteger o leito ungueal até existir crescimento da uma nova unha. São utilizados para este fim substitutos sintéticos, que fornecem protecção e evitam infecções do leito ungueal.
– As lesões da matriz ungueal são as lesões com maior gravidade, pois atingem a zona responsável pela origem e crescimento da unha. Estas exigem uma reparação com mínima agressividade de modo a minorar a cicatriz nesta área nobre e consequentemente as sequelas. A destruição da matriz ungueal implica a perda permanente da unha.

O tratamento das lesões ungueais é feito geralmente com recurso a uma anestesia local, minimizando a dor do paciente. Após a reparação da unha, o dedo deve ser imobilizado provisoriamente com uma tala durante 2 a 3 semanas, mas permitindo a mobilização das restantes articulações. De acordo com o tipo de lesão, é necessário um controlo regular da evolução para vigiar o crescimento ungueal e tecidos adjacentes.

As sequelas dos traumatismos da unha que provoquem incapacidade funcional ou dano estético, como são a deformidade, atrofia ungueal ou dismorfia, podem ser tratadas com recurso a técnicas cirúrgicas específicas, para reparação secundaria do leito ungueal, da deformidade óssea ou fazer uma correcção estética com retalhos específicos.

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