A dor que frequentemente aparece na região lateral do cotovelo limitando os movimentos e a força do punho é habitualmente designada por “tendinite” do cotovelo ou mais correctamente epicondilite do cotovelo.
A epicondilite do cotovelo é o termo que designa a dor de causa inflamatória, localizada nos epicôndilos do cotovelo. Os epicôndilos do cotovelo são duas proeminências ósseas facilmente palpáveis, uma na região interna e outra na região lateral do cotovelo. Nos epicôndilos inserem-se os tendões / músculos que fazem “esticar” / extensão do punho (epicôndilo lateral) ou os tendões / músculos que fazem “dobrar” / flexão do punho (epicôndilo interno).
Nas actividades diárias ou laborais repetitivas, o uso de força no punho com os movimentos de extensão, provoca maior sobrecarga no cotovelo do que com os movimentos de flexão. Este é um dos motivos por que a epicondilite lateral é muito mais frequente que a epicondilite interna. A epicondilite é habitualmente identificada em pessoas que trabalham muitas horas ao computador/secretária, em trabalhadores que usam força em extensão do punho (pintores, carpinteiros), em desportistas (jogadores de ténis) ou em actividades de auxílio a terceiros (dependentes – idosos e crianças), por sobrecarga em sustentação.
A dor da epicondilite do cotovelo deve-se a pequenos microtraumatismos / micro-roturas na zona onde o tendão se “agarra” ao osso, designada de entesis. Pode surgir de modo súbito após um período de esforço não habitual, ou mais frequentemente de modo lento e progressivo. A dor da epicondilite causa grande limitação da força quando é necessário suspender objectos ou fazer esforços de baixa intensidade. Os pacientes referem-na como uma “picada tipo choque, que faz perder a força” e que irradia ao longo do antebraço.
O tratamento inicial da Epicondilite, incide na utilização de anti-inflamatórios orais (1 semana) e tópicos ou emplastros. Contudo, apenas nos casos agudos (sobrecarga esporádica) esta abordagem poderá resolver os sintomas. Nos casos com queixas superiores a 3-4 semanas, pode ser necessário o apoio da reabilitação / fisioterapia de modo a promover a cicatrização e “drenagem inflamatória” das minilesões tendinosas. A utilização de uma banda elástica no antebraço para diminuir a tensão ajuda nesta recuperação. Outra opção com grande eficácia é a aplicação peri-tendinosa de um anti-inflamatório (corticoide), com resultados imediatos, mas deve ser de utilização limitada.
Nos casos crónicos (após 6-8 semanas), em que não houve melhoria completa da dor, o paciente deve ser observado por médico especialista, pois poderá existir outra patologia. Uma entidade que origina dor semelhante à epicondilite, é a compressão local de um nervo – Nervo radial. Nesta situação, a dor tipicamente irradia ao longo do antebraço até ao punho-mão, podendo existir uma dormência tipo queimadura no dorso do polegar e indicador. Esta compressão designada de Síndrome de FrÖhse, é frequente tanto em actividades de força (por compressão muscular) ou naturalmente (característica individual do paciente) se existe um espessamento fibroso (Arcada de FrÖhse). Confirmando- se clinicamente a compressão do nervo, esta só poderá melhorar com a descompressão micro-cirúrgica.
Outras causas menos frequentes de dor no cotovelo é a artrose do cotovelo (existindo perda da mobilidade completa do cotovelo) ou uma compressão da coluna cervical (p.ex. hérnia discal – associa-se a dor na coluna). Nos casos crónicos, onde se confirma um problema da inserção tendinosa – epicondilite crónica, o tratamento cirúrgico permite fazer um alongamento músculo-tendinoso, diminuindo a tensão do mesmo e consequentemente a dor. É uma pequena-cirurgia, geralmente com bons resultados, regressando o paciente a casa no próprio dia. O período de recuperação dura 4 semanas e o apoio da reabilitação ajuda na rápida recuperação.