Pulso Aberto

O termo vulgarmente utilizado “pulso aberto” é uma queixa frequente dos pacientes que procuram ajuda no médico ou ortopedista. Contudo, o termo mais adequado deverá ser dor no punho.

Esta expressão caracteriza a dor que surge quando é necessário realizar força ou esforços, por exemplo: pegar num simples saco de compras mais pesado e tentar suspende-lo “na horizontal”; levantar-se de uma cadeira de braços apoiando os punhos para ajudar; ou simplesmente empurrar uma porta pesada com a palma da mão. Estes sinais revelam existir provavelmente uma Instabilidade do punho, que por definição é “algo que balança, oscila, treme, sem se firmar”… bem induzida na expressão “pulso aberto”!

O punho inclui várias mini-articulações muito complexas, onde participam 10 ossos e mais de 30 ligamentos. Deste modo, qualquer alteração ao normal funcionamento de um ou mais destes elementos, pode originar perda da harmonia da mobilidade, isto é, instabilidade e consequentemente dor. A persistência de instabilidade evolui para a diminuição da mobilidade do punho, (resultante do “desgaste” da instabilidade) e pode terminar numa artrose irreversível.

Existem vários tipos de instabilidade e a sua manifestação é mais frequente nas zonas de maior fragilidade ou de maior solicitação mecânica do punho e mão. Na origem das lesões ligamentares do punho e mão estão fundamentalmente quatro causas: (1) traumática (uma “dor nunca passou” após um traumatismo); (2) sobrecarga/esforços repetitivos; (3) degenerativa/reumatismal (dor progressiva e diminuição dos movimentos); (4) Síndromes de hiperlaxidão (jovens e adolescentes com muita elasticidade).

Outra forma de apresentação de lesões ligamentares / instabilidade, é o aparecimento de um quisto doloroso, habitualmente no dorso do punho. Os quistos são uma “bolha” de líquido que extravasa da articulação através de pontos frágeis / “orifícios” dos ligamentos quando estes estão lesados ou fragilizados. A saída do líquido articular geralmente não acontece num punho são. É importante considerar a existência de lesões ligamentares no estudo dos quistos dolorosos.

A dor do “pulso aberto” é muitas vezes encaminhada para reabilitação ou fisioterapia. Alguns casos de instabilidade, respondem positivamente à reabilitação – estabilização por reforço músculo-tendinoso específico. Contudo, na maioria das instabilidades a fisioterapia não resulta. Nestes casos é importante a avaliação por um Cirurgião da Mão, de modo a identificar o local de instabilidade e definir o tratamento. A avaliação clínica é fundamental e sobrepondose a exames como a ecografia que apenas pode confirmar um quisto ou “tendinite”. O exame mais específico para identificar as lesões ligamentares do punho e mão é a Ressonância magnética, mas também tem limitações por ser um exame estático.

O tratamento do punho doloroso é complexo. No caso de existir um quisto doloroso, a sua retirada pode não resolver a dor e frequentemente volta a aparecer. Na última década, o tratamento da instabilidade do punho e mão foi das áreas na Cirurgia da Mão que mais evoluiu, devido à cirurgia assistida por vídeo: Artroscopia do punho e mão. À semelhança do que já acontecia no joelho, a artroscopia do punho/mão permite ver através de uma mini-câmara e com enorme detalhe o interior da articulação. Este método permitiu compreender a origem da dor e a criação de novas técnicas mini-invasivas no tratamento da instabilidade e outras patologias articulares. Actualmente a Artroscopia do punho e mão é o método mais adequado e evoluído no tratamento das lesões destas articulações: mínima agressão, raras complicações e permitindo ao paciente regressar a casa no próprio dia – cirurgia em ambulatório.

Dependendo do tipo de instabilidade, a recuperação cirúrgica é geralmente rápida e sem dores. No período após a cirurgia, é realizado um protocolo de reabilitação específico.

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